Domínio: Prequela do Exorcista (2005)

Written by Filipe Manuel Neto on June 28, 2018

Melhor que "O Início", mas ainda demasiado parecido com esse filme, e longe de ser mesmo bom.

Este filme é a versão pessoal de Paul Schrader do filme "O Exorcista: O Início", a qual foi imaginada por ele antes de ele próprio ser afastado da direcção desse filme. Incapaz de aceitar o afastamento, o director fez nascer este filme que, no fundo, foi fruto da vaidade deste director.

Em qualquer caso, não há dúvidas de que este director é muito superior, em qualidade e competência, ao homem que veio a substituí-lo em "O Início", e isso reflecte-se na comparação entre os dois filmes. Qual dos directores é que copiou o outro é que eu não sei dizer... porque os dois fizeram dois filmes que são praticamente idênticos, como dois gémeos siameses separados por uma cirurgia.

Este filme também aborda o primeiro confronto entre Pazuzu e o Padre Merrin, é igualmente uma prequela ao famoso filme "O Exorcista" e também inclui a famosa capela bizantina enterrada no meio de África, o que nos faz pensar que até as ideias mais absurdas foram copiadas ou mantidas visto que, como disse para o outro filme, não faz qualquer sentido uma capela destas em África se os gregos bizantinos nunca puseram os pés na savana queniana. Outra característica comum a ambos os filmes é terem Stellan Skarsgård no papel principal, como protagonista. Será que ele ganhou um salário a dobrar?

Apesar das parecenças, este filme consegue ser melhor que o seu concorrente imediato. O enredo é desenvolvido de uma forma mais racional, com uma certa lógica, o terror e os sustos são apresentados de modo mais seco e menos fantasioso e visual, apostando mais na criação de um clima de suspense e tensão agradáveis. A nível mais técnico, nota-se um cuidado e um esmero mais evidentes, quer na cinematografia e no uso de cor e luz, quer no uso do CGI e dos efeitos especiais, feitos com maior contenção, critério e qualidade.

O filme também tenta tecer várias ideias teológicas e filosóficas que colocam em confronto a fé católica, as crenças nativas tribais, o cepticismo ateu da ciência e as forças ocultas e sobrenaturais, num caldo de ideias e conceitos que acaba não tendo uma orientação clara nem levando à formulação de uma ideia ou mensagem clara.

Por tudo isto, este filme é geralmente melhor do que "O Início" mas, convenhamos, ainda está muito longe de ser um filme de terror realmente bom e que valha a pena ver mais do que uma única vez na vida, para experimentar.