Nixon (1995)

Escrito por Filipe Manuel Neto el 21 de julio de 2018

Complexo e difícil de acompanhar, mas elegante.

Richard Nixon é um dos chefes de estado mais polémicos do século XX. Durante o seu mandato como presidente dos Estados Unidos, granjeou um ódio geral quase tão alto quanto o poder e influência do seu cargo. Foi atacado, investigado, vilipendiado mas nunca condenado. Mesmo que eu não seja americano nem um especialista desse período, sinto que é necessário fazer uma análise histórica, imparcial e objectiva, deste presidente, e não sei se isso já aconteceu. Mesmo assim, o filme que temos aqui não parece parcial, tentando permanecer neutro até certo ponto.

Dirigido por Oliver Stone, não é apropriado para pessoas que não sabem nada sobre Nixon, Watergate ou sobre este momento da história americana, já que o filme não perde tempo a explicar nada. Por isso, se você não entendeu por que motivo Nixon abriu os EUA para a China ou o que é o Caso Watergate ou a Baía dos Porcos, sugiro que você ignore o filme por enquanto e leia primeiro alguns livros ou veja documentários sobre Nixon. Outro problema que quero destacar é a enorme teia de conspirações e teorias obscuras que o filme tece à volta do presidente. Nunca nos dá a entender que "crimes de responsabilidade" Nixon realmente cometeu. O filme também sugere, sem subtilezas, que Nixon era um homem simples, que subiu na vida a pulso mas não foi aceite pela "aristocracia americana" em virtude dessa origem, o que o deixou muito magoado. Não sei se é verdade, mas o filme indica isso como a origem da falta de escrúpulos do presidente.

Anthony Hopkins assegura o papel principal com uma performance interessante, mas está longe de dar o seu melhor. Ele fez uma boa preparação e deu o seu melhor para ser Nixon, mas tem poucas semelhanças físicas com ele, para não falar da sua dificuldade para imitar a voz icónica do presidente. De qualquer forma, Hopkins foi brilhante no trabalho psicológico da personagem, com as cenas mais dramáticas a acontecerem enquanto ele, semi-embriagado, analisa as suas decisões enquanto ouve as suas famosas cassetes de áudio. O elenco restante faz um trabalho razoável.

Eu não vou terminar a crítica sem deixar uma palavra de apreço aos cenários e figurinos, que re-construíram muito bem a atmosfera e cultura dos anos 70, bem como os quartos e escritórios da Casa Branca. Não sendo excepcional, é um filme elegante e de qualidade, que nos ajuda a pensar num período importante da história americana.