Códigos de Guerra (2002)

Written by Filipe Manuel Neto on July 11, 2020

Carregado de acção e de actores sub-aproveitados, mas carente de uma boa história para contar.

Este filme de guerra baseia-se muito ligeiramente na história dos soldados nativo-americanos que contribuíram para o esforço de guerra, durante a Segunda Guerra Mundial, ao criarem um código secreto militar baseado nas suas línguas nativas. O código foi muito importante para as comunicações militares norte-americanas durante o conflito no teatro do Pacífico, mas não creio que a verdade dos factos, neste filme, vá muito para além disto.

O filme decorre, na sua maioria, durante a feroz Batalha de Saipan, em que os americanos e os japoneses disputaram o controlo das Ilhas Marianas. Em pleno teatro de operações, o sargento Joe Enders, de volta à acção após ser gravemente ferido no ouvido, é encarregado de proteger um operador de rádio navajo especializado no código militar nativo, ou de o matar caso esteja iminente a sua captura pelos japoneses.

Dirigido por John Woo, especializado em filmes de acção mas que eu, pessoalmente, nunca me interessei particularmente em acompanhar melhor, é um filme cheio de acção e onde a maior parte do tempo é passada no calor do combate. Por isso, creio que não vai surpreender se eu disser que o roteiro é bastante falho e que a história se limita a levar-nos de luta em luta, com pausas para momentos mais intimistas entre os soldados, onde abunda o diálogo e a nostalgia de casa. A certo ponto, já não sabemos bem porque eles estão a lutar ali. As personagens não foram muito bem pensadas, na medida em que nunca nos importamos muito com elas. Em compensação, o filme tem acção suficiente para nos entreter se não pensarmos muito nisso.

O elenco também não merece particular atenção. Há imensos nomes sonantes, começando pelo óbvio protagonista Nicolas Cage, mas não fizeram nada de notável. Cage está semelhante a dezenas de outros trabalhos dele em filmes de acção e parece incapaz de sair desse registo. Adam Beach fez um trabalho satisfatório mas superficial porque não tem material para brilhar verdadeiramente aprofundando a sua interpretação, nem a personagem dele parece ter sido talhada para isso. Christian Slater, Mark Ruffalo, Noah Emmerich, Peter Stormare… todos foram sub-aproveitados e por vezes reduzidos, virtualmente, a figurantes.

Tecnicamente, o filme sobressai pelos excelentes efeitos especiais e pela sensação de realismo e autenticidade de todas aquelas explosões, especialmente quando a câmara nos mostra uma panorâmica do combate. É provável que essas cenas tenham sido feitas em locação ao invés de usar o ecrã verde. Se não foram, o CGI usado foi do melhor que já vi. A cinematografia é igualmente muito boa e brinda-nos com algumas cenas e sequências impressionantes. Mas, em última análise, é tanta acção impressionante que, a partir de certo ponto, deixa de nos impressionar, sendo o filme vítima dessa receita de acção ruidosa e histriónica permanente. Bons cenários e figurinos completam o panorama geral de um filme de guerra carregado de acção mas perfeitamente esquecível.