Casper (1995)

Written by Filipe Manuel Neto on July 24, 2021

Um dos filmes da minha infância, que vale sempre a pena revisitar.

Certos filmes ganham o nosso carinho pela qualidade que possuem, outros pela beleza visual e pela grandiosidade dos meios técnicos aproveitados… outros, como este filme, conquistam o seu lugar pela forma como nos tocam. Eu não devo ser o único que viu este filme na infância e agora sente alguma nostalgia e carinho ao vê-lo novamente.

O filme quase dispensa apresentações, contando-nos a história de Casper, um fantasma que se fixou na terra após morrer muito jovem, e assombra a antiga casa na companhia de três tios, os quais são o verdadeiro terror da região. O destino da casa parece selado quando ela acaba nas mãos de uma ambiciosa herdeira, ansiosa por a demolir e deitar mão a um tesouro que ela pensa existir escondido por ali. Incapaz de o conseguir graças aos esforços dos fantasmas, ela decide chamar um especialista, Dr. Harvey para os tirar dali. É precisamente o que Casper mais queria, posto que o académico viaja com uma filha adolescente por quem ele se encantou ao vê-la na televisão.

O filme não é brilhante, não foi feito para o ser. Não é um vencedor de prémios nem nos dará o desempenho dramático da vida de nenhum dos actores nele envolvidos. É simplesmente um filme familiar, voltado para os mais jovens, mas que sabe agradar também aos adultos, e que, apesar da idade, continua fresco e actual hoje. Para mim, que o vi na infância, terá sempre um canto na minha videoteca.

O filme foi o primeiro a fazer actores vivos contracenarem com personagens totalmente feitas por computação gráfica, e sob tal ponto de vista foi um filme pioneiro. Porém, Casper, Stretch, Stinkie e Fatso são personagens por direito próprio e as suas vozes foram emprestadas por um conjunto de bons actores: Joe Nipote, Joe Alaskey, Brad Garrett e Malachi Pearson. Eles são a alma do filme e roubam as nossas atenções sempre que estão presentes. A jovem Christina Ricci, num dos trabalhos de início de carreira, também dá sinais inequívocos de talento. Bill Pullman é eficaz, convincente e divertido no papel dele, Eric Idle é muito engraçado e Cathy Moriarty é muito boa como vilã.

Tecnicamente, é um filme eficaz. Como eu já disse, prima pelo uso pioneiro de personagens totalmente CGI, e os efeitos visuais, especiais e sonoros utilizados são realmente muito bons, e parecem convincentes mesmo passados vinte anos. A cinematografia não nos surpreende, mas também não decepciona. O ritmo do filme é regular, rápido e divertido, como convém, e todos os cenários e figurinos são muito bons, em particular a magnífica mansão Whipstaff, que viria a tornar-se icónica graças ao seu ‘design’ Arte Nova, digno das melhores ideias de Antoni Gaudí. A música do filme é assegurada pelo sempre confiável James Horner.