Willow - Na Terra da Magia (1988)

Verfasst von Filipe Manuel Neto am 9. Juni 2023

O filme da vida de Warwick Davis não é mau, mas também não é realmente bom.

O cinema de fantasia tem vivido momentos de grande brilhantismo graças à criatividade de um bom número de directores e argumentistas, e também devido às possibilidades trazidas pelas novas tecnologias. Contudo, no passado as coisas eram mais simples, e os directores e equipas técnicas dos filmes de fantasia eram aquelas pessoas habituadas a improvisar muito e a pensar fora da caixa. Essa habilidade é um talento, não duvidem, e às vezes é preferível fazer algo mais tradicional do que usar recursos CGI tão absurdamente falsos que nem mereciam estar ali. Este filme, apesar de estar longe de ser bom ou de merecer louvores encomiásticos, não é uma perda de tempo e há diversos pormenores onde nós podemos observar qualidades redentoras.

O valor do filme começa logo pelo envolvimento, mais ou menos directo, de várias pessoas de relevo na indústria do cinema de então: um filme que é escrito por George Lucas e dirigido por Ron Howard não pode ser considerado propriamente um filme B. E se Howard dirige de modo impecável, a verdade é que Lucas podia ter feito um esforço adicional no roteiro: a história que norteia o filme é engraçada, tem bons momentos, mas está igualmente carregada de clichés e de pequenas peculiaridades estranhas que não deixam de nos levantar dúvidas a cada instante.

Apesar da projecção dada a Val Kilmer e a Joanne Whalley na publicidade (é uma manobra que se compreende por serem actores conhecidos), o real protagonista do filme é o anão Warwick Davis. Sim, não é uma actuação prístina, digna de um galardão, mas a verdade é que não podia ser muito melhor: o actor ainda era jovem e pouco experiente, mas conseguiu mostrar talento e força de vontade, aproveitando ao máximo esta bela oportunidade que apareceu na sua vida. Val Kilmer, apesar de mais famoso, não precisa de fazer muito e tem poucos desafios concretos ao passo que a bonita Whalley e Jean Marsh são autênticas ladras de atenções e fazem ambas um trabalho igualmente satisfatório.

Tecnicamente, é um filme cujo valor reside nos cenários e figurinos muito bem concebidos, e também na banda sonora, habilmente composta mas um pouco esquecível. Possui diversos efeitos especiais, na sua maioria bastante datados, mas funcionais. O problema é que, para um filme do género fantasia, acaba por ter um pouco menos “magia” do que seria desejável. E não obstante a história ser um pouco complicada, o filme assume um ritmo elevado o suficiente para que isso acabe por não ser um problema.